A pandemia do coronavírus, entre muitas questões, tem nos mostrado como a falta de estrutura e acesso a recursos vem deixando brasileiros desamparados. Como o investimento social pode contribuir para mudar essa conjuntura? E qual o papel da Bússola Social diante dessa realidade?

No início do ano, quando a pandemia do coronavírus começou a se espalhar pelo mundo, muitas pessoas começaram a se perguntar que lições poderiam aprender com essa situação inédita e desafiadora para os nossos tempos. Aqui no Brasil, a Covid-19 chegou de maneira ativa no mês de março e, infelizmente, ainda não temos uma perspectiva definida de quando teremos controle sobre a propagação da doença.

Não só por aqui, como em outros países em desenvolvimento, esse momento de crise sanitária colocou em evidência um problema extremamente sério (que já era conhecido, mas talvez não fosse contemplado com a devida importância): a desigualdade social. Sim, é verdade que a pandemia afetou a vida de todos nós. No entanto, muitas pessoas, grupos e comunidades foram mais fortemente abalados.

O que podemos rapidamente perceber é que a falta de estrutura e acesso a recursos está deixando muitos brasileiros desamparados. Mais do que nunca, a necessidade de colaboração é sistêmica e pode ser o diferencial para que muitos dos que estão em situação de vulnerabilidade se mantenham e possam se estabilizar no futuro.

Neste cenário, o investimento social se consolida como uma opção viável e eficaz de financiamento de projetos e a Bússola Social, enquanto plataforma de gerenciamento dessas iniciativas, cumpre um papel fundamental: o de conectar o investidor social a quem precisa. 

Continue a leitura para entender o que é investimento social, que resultados ele pode gerar e como a Bússola Social contribui para isso! 

Mas, o que, de fato, é investimento social? 

Quando falamos em investimento social, nos referimos ao incentivo a atividades focadas no bem-estar da população. Esta é uma função do Estado, mas que não se restringe a ele.  E, apesar de sua importância, nem todo mundo conhece ou entende como ele – ou o Terceiro Setor, de maneira geral – funciona. Por exemplo, não é de conhecimento comum que esse tipo de investimento não é exclusivo de pessoas jurídicas e também pode ser realizado por pessoas físicas. Muita gente também não sabe aonde ir para ter acesso a esses recursos.

As ações são promovidas por entidades privadas (empresas ou organizações do Terceiro Setor, que são instituições que trabalham em serviços públicos sem visar fins lucrativos, como associações e fundações). Investimentos em startups de cunho social também podem se encaixar nesta categoria.

Esses repasses voluntários devem seguir regras, sendo a principal delas que sejam destinados a atividades de interesse público, o que inclui projetos nas áreas de cultura, educação, saúde, esporte e meio ambiente.

 

Covid-19, investimento social e cidadania

Desde que entramos em quarentena, muitas pessoas se viram obrigadas a abrir mão do seu sustento, especificamente quem não tinha emprego fixo e/ou não pôde adotar o home office como alternativa temporária de trabalho. Um exemplo disso é a indústria cultural, que sem poder promover shows e demais aglomerações, recorreu às lives para entreter a população e, ao mesmo tempo, arrecadar doações para destinar a profissionais técnicos da área, como sonoplastas, roadies, cinegrafistas, diretores de palco etc.

Muitas organizações e empresas, de diversos setores, lançaram projetos de colaboração recorrente, criaram campanhas e fizeram o que fosse possível para atender aqueles que tiveram suas atividades profissionais diretamente afetadas pelas restrições impostas pela pandemia e, consequentemente, pelo isolamento. 

Mas, nesse período, percebemos também que muito mais pode — e precisa — ser feito para que todos tenham acesso à dignidade e à cidadania. Em momentos como esse, torna-se necessário explorar e amplificar medidas que gerem impacto coletivo, visando acelerar resultados sociais. Assim, o investimento social se apresenta como uma ação viável e eficaz para que empresas e pessoas possam direcionar recursos para quem realmente precisa.

Um caminho para acelerar resultados sociais

A ideia de investimento social parte do abandono da economia de escassez (que é baseada em valores tangíveis), em favor da economia de abundância. Esta foca nos valores intangíveis e abre mão da competitividade, ou seja, da noção de que “para alguém ganhar, o outro precisa perder”; visando a valorização da dignidade coletiva.

Na prática, isso pode ser feito por meio da criação de editais voltados para a geração de impacto social, fazendo com que projetos de organizações e/ou comunidades sejam desenvolvidos e financiados, com o objetivo de gerar transformação e acelerar resultados. É  neste cenário que entra a atuação da Bússola Social. 

A plataforma de gerenciamento de projetos atende e articula diferentes agentes de transformação social, ou seja, as organizações da sociedade civil que recebem esses recursos e podem gerenciar todos os projetos que realizam dentro da própria plataforma e os investidores sociais que aportam os valores. 

Ela também fornece relatórios completos que mostram os indicadores consolidados de todos os projetos para que os investidores consigam prestar contas do retorno social às partes interessadas e, também, à sociedade. Desde que a Bússola Social foi lançada para o público, em 2018, R$ 38.378.035,50  em editais para investimentos sociais passaram pela plataforma; beneficiando, até o momento, 216.289 pessoas cadastradas no sistema.

Gerenciando projetos e gerando impacto

O propósito da Bússola Social é conectar o investidor a um projeto que possa gerar inovação e impacto social a curto, médio e longo prazo. Um investidor importante que usa a plataforma é a EDP Brasil, uma das cinco maiores empresas privadas no setor elétrico a operar em toda a cadeia de valor e que está presente em 11 estados brasileiros. 

Em abril deste ano, a EDP utilizou a plataforma para abrir um edital emergencial de enfrentamento da Covid-19 com aporte de R$ 1.000.000,00. Na ocasião, o co-fundador da Bússola, Aureo Giunco Júnior, entrevistou o assessor da Diretoria do Instituto EDP, Paulo Ramicelli, em um episódio do podcast BússolaCast.

Na entrevista, Ramicelli comentou sobre a construção da ideia do edital para enfrentamento da Covid-19 e redução da vulnerabilidade: 

“Em muitos estados e cidades do Brasil, a EDP acaba sendo a maior empresa da região. Então, automaticamente nós acabamos por receber muitas solicitações de apoio para combater algumas crises que acabam surgindo. E com o coronavírus não foi diferente. […] A gente precisa de critério para avaliar e fazer essa destinação do recurso. Então, pensamos: ‘Qual é o melhor meio?’ Fazer um edital e dar oportunidade para várias organizações. No caso deste edital, de todo o Brasil. […] A ideia é exatamente minimizar esse impacto [negativo] que a pandemia da Covid-19 vem nos causando […]. Nós estamos pensando em ações para agora e que também possam gerar resultado no futuro”.

O edital selecionou 25 projetos voltados a apoiar crianças, idosos, indígenas e outros grupos afetados diretamente pela pandemia em nove estados brasileiros: Espírito Santo, Tocantins, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Pará, Ceará, Amapá e Maranhão. Atualmente, a EDP Brasil está com outro edital aberto na Bússola Social, desta vez com o aporte de R$ 7.000.000,00 destinados a organizações sociais de sete estados.

A Bússola também está ajudando a Roche Farma Brasil a auxiliar hospitais na implementação de atendimento médico a distância (a chamada teleconsulta), ampliando o acesso de pacientes dos Sistema Único de Saúde (SUS) a profissionais da área e diminuindo o risco de contágio da Covi-19. O edital visa identificar e estimular projetos criados por instituições públicas e privadas voltadas para o desenvolvimento da telemedicina.

Outra iniciativa da Bússola Social para contribuir com as organizações da sociedade civil, bem como investidores sociais, a aplicarem efetivamente seus recursos e esforços no enfrentamento aos impactos da pandemia foi a liberação gratuita de um sistema para Diagnóstico Familiar em tempos de isolamento social. O sistema permite a coleta de informações precisas para nortear as decisões e iniciativas sociais neste momento de exceção, por meio da coleta e análise de dados sobre os públicos atendidos.

Debater a importância do investimento social no Brasil e no mundo sempre foi uma pauta relevante. No entanto, a pandemia exige que novas estratégias sejam criadas, novas agendas sejam colocadas em prática e novos desafios sejam encarados. É preciso refletir sobre as nossas capacidades de ação pública e sobre as transformações que devemos catalisar para encarar os obstáculos do presente e construir o futuro.

Para conhecer melhor a plataforma Bússola Social e entender como ela contribui para que organizações e fundações sem fins lucrativos tenham acesso a recursos públicos ou privados, visite o nosso site e explore o nosso canal no YouTube.