Se você já é empreendedor social ou está iniciando nesse processo, vale a pena uns minutinhos para entender sobre a Teoria da Mudança.  Os projetos sociais em sua grande maioria buscam preencher lacunas muitas vezes, esquecidas pelo poder público, mas como saber se a transformação proposta ou se as soluções realmente estão resolvendo um problema?

A Teoria da Mudança é utilizada pela ONU e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), este método sugere mudanças intencionais que causem impacto social. O objetivo principal é o mapeamento do que vai acontecer entre o início e fim do projeto proposto, evitando retrabalhos e mudança de foco.

Separamos algumas dicas de como usar esta metodologia no seu próximo projeto social.

1 – Definição do objetivo central

Defina qual o problema central do grupo de pessoas ou área. Para auxiliar no desenvolvimento do projeto, a OSC pode utilizar quatro tipos de necessidades.

• Necessidade sentida: Grupo de pessoas sente falta de algo, necessitam de um atendimento ou atenção específica.
• Necessidade expressa: Grupo de pessoas se mobilizam na busca de algo por meio de lista de espera, protestos, abaixo assinado etc.
• Necessidade normativa: Existência de dados que não expressam necessariamente, a realidade do grupo de pessoas.
• Necessidade comparativa: Existência de dados comprovando a precariedade do local ou grupo de pessoas em questão.

A OSC deve verificar se pelo menos três necessidades das apontadas, explanam o mesmo problema. Se a resposta for positiva, o objetivo do projeto já está definido.

2 – Causas e consequências do problema central

Descreva quais as demandas que o público alvo necessita. Enumere as causas e consequências que levaram o grupo de pessoas a enfrentar dificuldades.

3 –  Árvore de problemas

Organize as demandas (problemas) de forma que sejam visualizados, por todos os membros da equipe. Monte uma árvore com as causas no lugar das raízes, problemas no tronco e as consequências no lugar das folhas.

Vejamos agora um passo a passo para a construção das árvores de problemas e objetivos organizado por Dib-Ferreira (2010)

Um problema é uma situação negativa ou um déficit que se quer resolver. Dentre aqueles listados, deve-se escolher um, considerado importante e possível de ser solucionado no âmbito do projeto. Escolhido aquele que vai ser o problema central, parte-se para a construção da árvore de problemas:

– Coloca-se no centro do papel, em um quadrinho, o problema central. Este será o tronco da árvore;

– Acima do problema central, coloque outros problemas, dele derivados, que são os efeitos ou consequências, que formam a copa da árvore;

– Abaixo do problema central são colocados quadrinhos com os problemas que representam as causas, razões ou fatores geradores do problema central. Formam as raízes da árvore. É justamente aí que o projeto deve atuar.

Dicas:
– Escolha sempre uma situação negativa para a árvore de problemas

– Não inclua a solução na formulação do problema central, pois um problema não é ausência de solução, mas uma situação negativa.

– Não trabalhe com problemas muito genéricos (“violência”);

– O projeto agirá sempre nas causas;

4 – Monte estratégias

Relacione causas e consequências. Defina “rotas” para a intervenção seja realizada da forma mais rápida possível.

5 – Coletando informações

Consiga o maior número de informações possíveis que corroborem, com a relevância do projeto. A coleta de dados pode ser por meio de entrevistas, grupos focais e por meio de observação. Também podem ser utilizados dados produzidos por institutos de pesquisa. A partir deste ponto começa a se desenhar as ações para resolver os problemas encontrados.

Com estas informações as mudanças são visualizadas de forma mais clara e precisa, evitando erros no decorrer do trabalho. A OSC terá total controle sobre todos os pontos, e a intervenção será realizada sem sustos ou desvios.

Mais

Lembre-se a Teoria da Mudança, não é uma receita, algo engessado, apenas sugestões de instrumentos e métodos que podem agilizar o momento de construção do planejamento e também nos processos de implementação do projeto.

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