Entre os recursos mais valiosos de uma organização, estão as pessoas que fazem com que ela tenha vida e aconteça. Desde o responsável por abrir as portas todas as manhãs, quem prepara o café para trazer ânimo para o trabalho, a pessoa que organiza os papeis, aquele que está lá “na ponta” trabalhando diretamente com o público… Em cada etapa, sempre há uma pessoa com o poder de deixar todo o processo mais humano e mais efetivo.

Por isso hoje vamos nos dedicar a olhar para isso: a equipe das organizações da sociedade civil.

Se fossemos pensar em uma estrutura ideal, elencaríamos os seguintes pontos:

  • Clareza quanto as tarefas e responsabilidades que cada pessoa deve fazer e em que tempo – desde uma conversa, um quadro com a lista de tarefas a serem feitas na semana ou até uma reunião com a equipe podem ajudar. Assim, cada um pode tomar a frente de alguma ação e as chances de que o trabalho seja feito no tempo correto é maior.
  • Acompanhar o trabalho e as pessoas – de tempos em tempos é importante retomar as listas de tarefas para que elas não fiquem esquecidas e sejam feitas. Em alguns momentos, uma pessoa do time pode estar precisando de ajuda, uma ideia ou apoio para realizar algo. Como diz na famosa frase: sozinhos talvez até iremos mais rápido, mas acompanhados vamos mais longe.
  • Como iremos nos organizar – é sempre bom manter conversas francas e abertas sobre a carga horária, remuneração, ajudas de custo. Assim, é possível ser flexível sem que isso pese para ninguém. Alinhar todas essas expectativas pode evitar muitas dores de cabeça e fazer com que todos caminhem juntos para o crescimento da organização.
  • Ter boas práticas de comunicação, liderança e participação – na prática, como a sua organização faz para ser participativa? Há assembleias, reuniões periódicas, espaço de fala para todos? Que tal otimizar os momentos em grupo destacando pessoas específicas para coordenar a reunião, fazer os registros e nomear responsáveis para os encaminhamentos? Boas ideias podem sair de um grupo de pessoas pensando juntas e ótimos resultados quando este grupo decide agir em conjunto também!

Há uma questão chave para refletirmos em todos esses pontos: em que lugar estamos colocando as pessoas que fazem parte da nossa organização?

Quando entendermos verdadeiramente que assim como prezamos pela qualidade e atenção as pessoas que atendemos ou beneficiamos em nossos projetos, precisamos voltar nosso olhar para as pessoas que trabalham conosco, conseguiremos avançar muito.

E é claro que além da equipe formal da organização, muitas OSCs também contam com um grupo de voluntários. E é hora de entrar nesse assunto:

Dicas práticas para gerenciar seu time de voluntários

Pensar então em voluntários, que estão investindo seu tempo, conhecimento e disposição gratuitamente é algo realmente precioso. O fato de a organização não pagar efetivamente pelos serviços oferecidos pelos seus voluntários, não quer dizer que ela não possa prestar atenção no que está devolvendo a essas pessoas como forma de valorização e agradecimento. Uma estratégia bem formulada nesse sentido, com certeza irá fortalecer e estimular mais iniciativas deste tipo.

Traremos aqui algumas dicas e perspectivas que podem te ajudar a envolver os voluntários na sua organização:

Sonhe junto e veja se tornar realidade – a ideia não é convencer ou persuadir alguma pessoa a participar de alguma campanha ou ação, elas não vêm porque receberam milhares de convites. Mostre ao invés disso, qual o propósito da sua organização e esteja disposto a ouvir qual os sonhos e as contribuições que os voluntários gostariam de realizar. Alimentar-se mutuamente dessas crenças e paixões, dar um sentido maior a pequenas ações gera muito mais comprometimento.

Fortaleça o grupo – pode parecer mais fácil e eficiente orientar os voluntários para que façam alguma coisa sozinhos, mas a experiência de quem realiza algum trabalho isolado é muito diferente de quem vivencia isso em grupo. Experiências significativas tem mais chances de acontecer quando os voluntários se sentem pertencentes a um grupo. Algumas pessoas inclusive, podem estar mais disponíveis para as conexões e companheirismo que se forma ali do que por uma crença pessoal.

Facilite a participação – muitas pessoas têm vontade de se engajar com uma causa, mas entre essa ideia e a sua concretização muitas vezes há um abismo. Então vamos construir pontes! Descomplique o máximo possível o ingresso das pessoas interessadas trazendo maneiras concretas para começar a se envolver. A sensação imediata de ter realizado um trabalho conjunto reforça o desejo de continuar contribuindo. Na mesma medida que é importante oferecer treinamento e acompanhamento para os voluntários que estão começando, também é fundamental dar espaço e autonomia para quem está engajado há mais tempo.

Ofereça feedback – Depois de mobilizar a energia das pessoas para um trabalho específico, tenha o cuidado de dedicar um tempo para comemorar, descansar e refletir sobre o que virá a seguir. É muito provável que não será após uma ação pontual que um problema social seja resolvido, mas é importante conseguir mostrar quais os resultados qualitativos ou quantitativos da intervenção. Sempre que possível, use dados para destacar o que funciona, fazer perguntas construtivas e encontrar significado nas realizações.

Abrace as pessoas tanto quanto você abraça sua causa

Em resumo, a mensagem aqui é sobre a importância de investir tempo e recursos na nossa casa, para que isso reflita no nosso trabalho lá fora.

No terceiro setor estamos sempre resolvendo problemas, muitas vezes lidando com recursos escassos, mas com um potencial muito grande de transformação. Mas quem fará essa transformação acontecer, independente das circunstancias que a sua organização esteja passando agora? As pessoas.

Dar condições para que o trabalho da sua organização seja realizado da melhor forma possível é essencial para ter bons resultados.

E aí, topa o desafio?

Referências

Gestão de Pessoas no Terceiro Setor – Monica Bose – Dissertação de mestrado.

Desafios da gestão de pessoas em ONGs – Monica Bose – Artigo GIFE

A Guide to Managing a Volunteer Workforce – Harvard Business Review

Sobre a autora

Este artigo foi escrito por Daiana Rauber. Psicóloga clínica e engajada em organizações sociais desde 2009. Possui experiência com treinamentos e produção de conteúdo e é idealizadora do programa Minha Marca no Mundo.