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Pico de editais do ano: a sua ONG está preparada?

Escrito por Tamires Lima | 25/07/24 12:19

A Bússola Social conversou com Daiany França Saldanha, mentora de captação de recursos para ONGs, sobre os desafios e estratégias na captação de recursos. Daiany, que começou sua trajetória profissional no Ceará, tem uma história rica em projetos sociais, educação e empreendedorismo. Hoje, ela atua como consultora e pesquisadora para pequenas ONGs, e seu trabalho se concentra em transformar desafios em oportunidades para essas organizações.

Pico dos editais: quando e por que ocorre? 

Daiany nos contou um aspecto que merece atenção das ONGs que estão focadas na captação de recursos: o pico dos editais para projetos incentivados, que tipicamente ocorre entre junho e novembro. Esse fenômeno pode ser explicado por vários fatores, entre eles o planejamento anual das instituições e as estratégias das organizações doadoras. Durante esses meses, as instituições e fundações estão mais propensas a abrir editais devido à finalização de seus ciclos fiscais e ao planejamento para o ano seguinte. Elas têm uma visão mais clara sobre seus orçamentos, prioridades e áreas de atuação para o próximo período.

Como sua ONG pode se preparar antecipadamente

Para tirar o máximo proveito desse período intenso, é essencial que as ONGs adotem uma abordagem proativa,  Daiany recomenda um planejamento antecipado e uma preparação cuidadosa.

Para ela, estudar editais anteriores é uma prática fundamental. Isso permite às ONGs compreender melhor os requisitos e critérios que os financiadores costumam avaliar. Com base nessa análise, as organizações podem adaptar suas propostas para alinhar-se mais estreitamente com as expectativas dos financiadores.

No entanto, Daiany reconhece os desafios enfrentados pelas ONGs, especialmente as pequenas. "Elas não têm pessoas específicas, dedicadas a essa captação. A falta de recursos e a sobrecarga de tarefas dificultam a preparação adequada,”.

Além disso, a consultora diz que é indispensável ter uma documentação bem organizada e um banco de projetos prontos. A documentação deve incluir relatórios financeiros atualizados, planos de trabalho detalhados e evidências de impacto anteriores. Daiany enfatiza a importância de não deixar a preparação para o último minuto. "Pesquise e trabalhe antes mesmo do edital estar aberto," afirma ela. Esse preparo antecipado reduz o estresse e permite que a organização apresente propostas bem elaboradas e coesas.

Erros comuns que sua ONG deve evitar na hora de escrever projetos

Ao falar sobre a elaboração de projetos, Daiany identifica várias dificuldades. "Tem essa dificuldade de interpretar o edital, editais que são às vezes muito longos, com linguagem muito técnica", observa. Além disso, muitas ONGs tentam impressionar os financiadores com propostas grandiosas que não são realistas para a capacidade da ONG. 

Ela aconselha que as propostas sejam fundamentadas na realidade da organização, refletindo seus objetivos e capacidades reais. Projetos que aparentam ser idealizados, mas que não têm um plano de execução viável, podem causar uma impressão negativa e prejudicar a credibilidade da ONG.

É essencial que as ONGs sejam transparentes sobre suas limitações e desafios. Daiany sugere que as propostas devem ser claras e objetivas, com metas e resultados esperados que estejam dentro da capacidade de implementação da organização. "O projeto tem que refletir a sua realidade, o que você dá conta de fazer", afirma.

Dica da Bússola Social

Em vez disso, apresente um plano de ação detalhado, com cronogramas realistas e uma estratégia de avaliação bem definida. Leia mais sobre como elaborar um plano de ação neste artigo

Outra dificuldade comentada por Daiany é interpretar editais e coletar dados necessários são obstáculos significativos. Muitas organizações enfrentam dificuldades em entender os requisitos específicos e como traduzi-los em propostas concretas.

Daiany também discute a importância da diversificação das estratégias de captação de recursos. Embora os editais sejam uma fonte valiosa de financiamento, depender exclusivamente deles pode ser arriscado. Diversificar as fontes de recursos ajuda a garantir uma base financeira mais estável e reduz a vulnerabilidade a mudanças nas políticas de financiamento.

Aprenda como elaborar um projeto neste artigo

Além dos editais, Daiany recomenda explorar outras opções, como doações diretas de indivíduos, parcerias com empresas e campanhas de financiamento coletivo. Essas estratégias podem complementar os recursos obtidos por meio de editais e ajudar a construir uma base de apoio mais ampla e diversificada.

Conheça o trabalho de Daiany 

Daiany começou sua carreira com uma sólida base em projetos sociais e esportivos. Formada em Educação Física, ela se envolveu com iniciativas voltadas para o empoderamento de meninas e mulheres através do esporte. Sua paixão por projetos sociais a levou a fundar um instituto em 2014, focado na gestão e desenvolvimento de projetos esportivos.

A mudança para São Paulo em 2018 e o início da pandemia marcaram um ponto de virada em sua carreira. "Na pandemia, comecei a trabalhar mais fortemente com o fortalecimento institucional de ONGs," revelou Daiany. A crise trouxe à tona a vulnerabilidade das pequenas organizações e a necessidade urgente de apoio. Foi nesse cenário que Daiany se viu envolvida na produção de conteúdo acessível e na tradução de conhecimentos complexos para a prática das ONGs.

Conheça a Bússola Social 

A plataforma da Bússola Social simplifica o acompanhamento de atividades e a gestão de dados de ONGs por meio de uma série de funcionalidades:

  • Perfil dos Atendidos: acesse informações detalhadas sobre o perfil dos beneficiários, incluindo faixa etária, gênero, cor da pele, escolaridade, renda familiar, entre outros.
  • Mapa dos Atendidos: visualize o impacto da organização nos diversos bairros e territórios da cidade.
  • Acompanhamento da Participação Individual: acompanhe a participação de cada indivíduo nas atividades, fornecendo uma visão detalhada para a equipe.
  • Monitoramento de Atendimentos: faça o acompanhamento e análise detalhada dos atendimentos realizados, com base no tipo de atendimento ou no profissional responsável.
  • Histórico dos Atendidos: acesse o histórico completo de atendimentos recebidos, ações e anotações referentes aos beneficiários da instituição.
  • Relatórios de Oficinas e Eventos: crie relatórios que abordam a frequência e todas as atividades realizadas em grupos, aulas, workshops e eventos.
  • Relatórios Adicionais: gere relatórios específicos, como encaminhamentos, visitas domiciliares e benefícios concedidos, entre outros.

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