Educação financeira em projetos sociais: como garantir a sustentabilidade da ONG

A educação financeira para gestão de ONGs funciona como uma forma de fortalecer a eficácia das iniciativas e garantir a sustentabilidade da organização. Porém, em muitos casos os gestores não sabem quais aspectos devem avaliar para garantir a saúde financeira e como tornar um projeto autossustentável. 

Pensando nisso, o time da Bússola Social preparou esse artigo para ajudar a sua ONG a se tornar mais independente financeiramente e encontrar alternativas para a captação de recursos. 

Qual a importância da educação financeira na gestão de uma ONG

Em contextos de projetos sociais, a habilidade de compreender e aplicar conceitos financeiros capacita a organização a tomar decisões embasadas em dados reais. O entendimento financeiro profundo é indispensável para o sucesso da ONG em diversos aspectos como:

Tomada de decisões informadas:

  • A educação financeira equipa os gestores da ONG com as ferramentas necessárias para tomar decisões informadas. Isso inclui a avaliação de diferentes opções de investimento, a alocação estratégica de recursos e a identificação de oportunidades de financiamento que estejam alinhadas com os objetivos da organização.

Monitoramento efetivo de resultados:

  • Compreender os princípios financeiros permite que a ONG implemente sistemas de monitoramento de resultados. Isso significa acompanhar não apenas o impacto social de seus projetos, mas também a eficiência na utilização de recursos. A capacidade de avaliar e ajustar estratégias com base em indicadores financeiros contribui diretamente para o sucesso a longo prazo.

Estratégias para garantir sustentabilidade:

  • A gestão financeira eficaz é essencial para assegurar a continuidade das atividades da ONG. Isso envolve a criação de reservas estratégicas, a diversificação das fontes de financiamento e a implementação de práticas que promovam a estabilidade financeira. A educação financeira capacita a ONG a antecipar desafios e a adotar medidas proativas para garantir a sustentabilidade.

Gestão transparente e responsável:

  • A transparência é fundamental para construir a confiança de doadores e parceiros. Uma gestão financeira sólida, baseada em princípios educacionais, permite que a ONG forneça informações claras e compreensíveis sobre o uso dos recursos. Isso não apenas fortalece relacionamentos, mas também posiciona a organização como responsável e comprometida.

Indicadores e dados que precisam ser calculados para garantir a saúde financeira

Agora que você já entendeu a importância da educação financeira para a gestão de uma ONG, vamos abordar quais indicadores financeiros você deve analisar para garantir a saúde financeira da organização. Lembre- se que a obtenção e interpretação de dados específicos proporcionam insights valiosos sobre o desempenho financeiro da organização:

Fluxo de caixa:

  • O monitoramento constante do fluxo de caixa é vital para entender a entrada e saída de recursos financeiros. Isso permite que a ONG antecipe períodos de escassez ou identifique oportunidades para investir excedentes. Por exemplo, se a organização perceber um padrão de sazonalidade nas doações, pode planejar estrategicamente suas despesas durante períodos de menor receita.

Índice de liquidez:

  • O índice de liquidez é uma medida da capacidade da ONG de cumprir suas obrigações de curto prazo. Ele compara os ativos líquidos disponíveis com as obrigações financeiras imediatas. Se o índice for baixo, pode indicar vulnerabilidade em lidar com despesas urgentes. Por exemplo, uma ONG com um índice de liquidez saudável pode responder prontamente a oportunidades de financiamento ou enfrentar despesas inesperadas.

Eficiência na captação de recursos:

  • Avaliar a eficiência na captação de recursos é crucial para uma ONG. Isso envolve calcular o custo para arrecadar fundos, comparando os recursos gastos na angariação com o montante efetivamente captado. Se, por exemplo, a ONG gasta uma quantia significativa em eventos de arrecadação que não geram retorno proporcional, pode ser necessário reavaliar a estratégia de captação.

Índice de sustentabilidade financeira:

  • Este indicador avalia a capacidade de uma ONG se sustentar a longo prazo. Leva em consideração fatores como a diversificação de fontes de receita, a estabilidade do financiamento e a capacidade de enfrentar crises financeiras. Se uma ONG depende excessivamente de uma única fonte de financiamento e essa fonte se torna instável, a organização pode enfrentar dificuldades financeiras.

Taxa de retenção de doadores:

  • A taxa de retenção de doadores indica a capacidade da ONG de manter o apoio contínuo de seus doadores. Se a organização perder regularmente doadores após a primeira doação, isso pode indicar a necessidade de melhorias na comunicação ou em estratégias de engajamento.

Aspectos que devem ser monitorados no orçamento de uma ONG

Além de acompanhar os indicadores para o controle básico de receitas e despesas, alguns aspectos importantes merecem atenção especial:

Variações orçamentárias:

  • Acompanhe variações entre o orçamento planejado e o real. Se uma ONG planejou alocar recursos para um projeto específico, mas ocorrem desvios significativos, é vital entender as razões por trás dessas variações. Por exemplo, se os custos operacionais aumentam inesperadamente, a organização pode precisar ajustar outras áreas do orçamento para manter o equilíbrio financeiro.

Ajuste de metas:

  • Mantenha a flexibilidade nas metas orçamentárias para adaptar-se a mudanças nas circunstâncias. Se, durante a execução de um projeto, a ONG identifica oportunidades adicionais ou desafios inesperados, a capacidade de ajustar metas permite uma resposta ágil. Por exemplo, se um programa educacional atrai mais participantes do que o previsto, realocar recursos para atender à demanda adicional pode ser necessário.

Eficiência na alocação de recursos:

  • Monitore como os recursos são alocados em diferentes áreas. Se uma ONG perceber que uma parte significativa dos fundos está sendo direcionada para despesas administrativas em vez de atividades diretas de impacto social, pode ser necessário revisar a alocação para otimizar a eficácia.

Previsão de fluxo de caixa:

  • Além de registrar transações passadas, é importante prever o fluxo de caixa futuro. Isso envolve antecipar receitas e despesas nos próximos períodos, permitindo que a organização identifique potenciais desafios de liquidez e tome medidas preventivas. Por exemplo, se uma ONG espera uma diminuição temporária nas doações, pode adotar estratégias proativas para enfrentar esse período.

Transparência e comunicação:

  • Mantenha um processo transparente de monitoramento orçamentário, isso contribui para a confiança dos doadores e parceiros. A divulgação regular de relatórios financeiros e atualizações permite que todas as partes interessadas compreendam como os recursos estão sendo gerenciados e os impactos alcançados. Isso, por sua vez, fortalece os laços com a comunidade e ajuda na captação de recursos futuros.

Como um projeto social pode gerar sua própria receita

Mesmo que uma ONG esteja estruturada em seu planejamento financeiro, pode enfrentar dificuldades para garantir recursos. Por isso, desenvolver projetos sociais que podem gerar sua própria receita pode ser uma alternativa e irá envolver uma abordagem empreendedora e estratégica.

Listamos alguns passos que podem te ajudar na criação de projetos autossustentáveis:

  • Identifique Oportunidades:
      • Analise as competências essenciais da sua organização e identifique oportunidades dentro da missão da ONG que tenham potencial para se tornar auto-sustentáveis. Isso inclui identificar as habilidades, recursos e conhecimentos específicos que a organização possui. Por exemplo, se a ONG tem expertise em educação, pode incluir a capacidade de desenvolver programas educacionais, treinamentos ou materiais didáticos.Em seguida, é fundamental verificar como essas competências se alinham com a missão da ONG. Pergunte-se: Como as habilidades e recursos da organização podem ser direcionados para atender às necessidades declaradas em sua missão? 
      • Considere as necessidades da comunidade atendida e as demandas do mercado. Isso pode ser alcançado por meio de pesquisas, consultas com a comunidade-alvo ou análises de tendências.
  • Analise a viabilidade do projeto:
      • Avalie a demanda pelo serviço ou produto, identifique possíveis concorrentes, estime custos de implementação e determine a capacidade de gerar receitas suficientes para sustentar o projeto. Isso implica analisar se a oportunidade é financeiramente sustentável e se contribui para os objetivos sociais da ONG. Examine cuidadosamente custos, preços, potenciais fontes de receita e benefícios sociais gerados.
  • Elabore um modelo de negócio sustentável:
      • Desenvolva um modelo de negócio sustentável que defina como o projeto gerará receita. Para isso, realize uma análise de mercado detalhada para compreender as necessidades e demandas do público-alvo do projeto. Identifique lacunas no mercado que o projeto possa preencher de maneira única.
      • Considere estratégias como venda de produtos, prestação de serviços, parcerias comerciais, eventos pagos ou outras fontes de receita específicas para o projeto.
    • Diversifique as receitas:
      • Explore a diversificação de receitas para tornar o projeto mais resiliente. Considere diferentes fontes de renda, como parcerias, mensalidades, taxas de participação, vendas de produtos ou serviços associados ao projeto.
  • Tenha um investimento inicial:
      • Esteja preparado para um investimento inicial para lançar e consolidar o projeto.
      • Explore fontes de financiamento, incluindo doações específicas para o desenvolvimento do projeto, subsídios, parcerias estratégicas ou investimentos iniciais.
  • Monitore e avalie constantemente:
    • Implemente um sistema de monitoramento e avaliação constante do desempenho financeiro e social do projeto.
    • Esteja aberto a ajustes estratégicos conforme necessário e adapte o projeto a mudanças nas condições do mercado.

Exemplo prático de uma projeto autossustentável 

Para entender melhor os passos explicitados acima, vamos considerar uma ONG que trabalha na área de educação e desenvolve um programa de tutoria online para estudantes de escolas locais. Veja como esse projeto pode ser desenvolvido para gerar sua própria receita:

  • Identificação de oportunidades:
      • Identificar a necessidade de suporte educacional adicional para os alunos locais.
  • Análise de viabilidade:
      • Avaliar a demanda pela tutoria online, pesquisar concorrentes, estimar custos de implementação e determinar um preço acessível.
  • Modelo de negócio sustentável:
      • Oferecer o serviço de tutoria online por uma taxa mensal acessível para os pais dos alunos.
  • Diversificação de receitas:
      • Além das mensalidades, explorar parcerias com escolas locais para oferecer o serviço como parte do programa educacional.
  • Engajamento da comunidade:
      • Realizar reuniões com pais, professores e alunos para entender melhor suas necessidades e adaptar o programa.
  • Investimento inicial:
      • Buscar financiamento inicial através de doações específicas e parcerias com empresas locais interessadas na educação.
  • Monitoramento e avaliação constantes:
    • Implementar avaliações regulares do desempenho dos alunos e ajustar estratégias conforme necessário.

Desenvolver projetos sociais auto-sustentáveis requer criatividade, análise cuidadosa e um compromisso contínuo com a missão da ONG. Ao equilibrar as metas sociais com a geração de receitas, é possível criar iniciativas que sejam economicamente viáveis e socialmente impactantes.

Como a Bússola Social facilita a gestão de uma ONG

Conte com a plataforma da Bússola Social para simplificar gestão da sua ONG e impulsionar  iniciativas:

  • Crie relatórios detalhados: Registre e analise todas as atividades desenvolvidas em grupos, aulas, workshops e eventos.
  • Monitore participações individualmente: Tenha uma visão aprofundada do envolvimento de cada atendido, proporcionando insights valiosos.
  • Acompanhe atendimentos em detalhes: Registre e analise os atendimentos realizados, categorizando por tipo ou profissional responsável.
  • Acesse históricos completo dos atendidos: Mantenha um registro completo de todos os atendimentos, ações e anotações referentes aos beneficiados pela instituição.
  • Explore o perfil dos atendidos: Tenha acesso a informações detalhadas, incluindo faixa etária, gênero, cor da pele, escolaridade e renda familiar.
  • Visualize o impacto: Tenha uma visão geográfica do alcance da sua organização nos bairros e territórios da cidade.
  • Gere relatórios específicos: Produza relatórios sobre encaminhamentos, visitas domiciliares e benefícios concedidos.

Ficou interessado? Entre em contato com a gente!